quinta-feira, 26 de julho de 2012

“Mãe, eu quero. Você compra?”


Publicidade para Crianças

“Mãe, eu quero. Você compra?”

Por Rosely Arantes em 24/07/2012 na edição 704

A frase do título, que muitas vezes culmina em uma discussão, tem feito parte do dia a dia da maioria das famílias brasileiras nos últimos tempos. Discutir os limites das crianças frente ao que é apresentado nas televisões, via publicidade, é algo que muitas vezes está além do alcance das mães, pais e até educadores. Não raro vemos matérias, baseadas em pesquisas ou estudos psicológicos, que desvendam os caminhos para a atuação, para não dizer manipulação e controle, sobre o público infantil numa tentativa de reforçar o apelo de compra.

Contrariando um caminho trilhado, há anos, por diversos países com democracias consolidadas, como a Suécia, Alemanha, Austrália, Espanha (Catalunha), Chile, Estados Unidos, Holanda, Nova Zelândia, Portugal e Reino Unido, o Brasil continua permitindo que a publicidade seja direcionada ao público infantil. Mesmo que a criança e o adolescente sejam considerados públicos prioritários pela Constituição brasileira e reforçado no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), eles continuam sendo alvo das propagandas e do merchandising, instrumentos da publicidade,que os utilizam como mecanismo de “fidelização” de um futuro consumidor e, ultimamente, definidor de compras da família, numa estratégia de infantilizar o adulto e dar uma ideia de maturidade às crianças, numa troca de responsabilidades vil.

O que é mais estranho é que todas essas ações, que são consideradas violações de direitos, dão-se no espaço público do audiovisual, ou seja, nas rádios e televisões, que são concessões públicas. Para ser mais clara, é de propriedade do Estado o espectro eletromagnético que é temporariamente cedido a determinadas empresas de comunicação. E como parte das regras desta concessão está a atenção ao que já é estabelecida em lei, como informado no parágrafo acima. Como afirma o mestre em Ciência Política, pela Universidade de São Paulo, professor Guilherme Canela, “se o Estado (governo e sociedade) acorda institucionalmente que esse recorte etário merece prioridade absoluta, à mídia não é conferido nenhum salvo-conduto para se escusar de cumprir suas responsabilidades, especialmente porque radiodifusores são operadores de concessões públicas do Estado e da sociedade”.

Programação para todos os públicos

Esse “descumprimento” do acordo entre o Estado e o mercado ultrapassa também outras esferas, como a regulamentação do setor, defendida por organizações da sociedade civil e pesquisadores da área. No Brasil, o próprio mercado publicitário regulamenta toda a publicidade mercadológica por meio do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), que estabelece as normas e julga os casos que porventura sejam enviados por entidades representativas ou cidadãos comuns. Para o presidente da entidade, Gilberto Leifert, as tentativas de regulamentação revelam que o Estado não acredita no poder de discernimento do cidadão. “É um evidente paradoxo. Muitas vezes, o projeto de lei ou a intervenção do Estado sugere que o cidadão é considerado plenamente capaz apenas para constituir família, eleger representantes políticos, pagar impostos, mas seria incapaz de fazer escolhas a partir da publicidade”, afirma.

Outra prova da complexidade do que estamos falando se deu com a retirada do programa infantil diário TV Globinho, substituído por um voltado para o público adulto capitaneado pela jornalista Fátima Bernardes nas manhãs na TV Globo. A emissora, que já chegou a apresentar O Sítio do Pica-Pau Amarelo, Vila Sésamoe Xou da Xuxa, apresentou como argumentação que a grade infantil não dá nem audiência, nem receita publicitária, e diz seguir tendência internacional de deixar as crianças para a TV paga. Segundo a empresa, o canal fechado seria um espaço menos sujeito a controle externo, como classificação indicativa, sugerida pelo governo e proibições à publicidade infantil (como limite à propaganda de alimentos e ao uso de desenhos para seduzir o público-alvo). “O segmento infantil está na TV paga porque lá não tem censura nem restrição à propaganda”, diz Luís Erlanger, diretor da Central Globo de Comunicação. Importante questionar, neste caso, como ficam as crianças que não têm TV paga, já que o lazer e entretenimento também são direitos e a TV é uma concessão pública? Isso sem falar que como concessionária de um serviço público a empresa deve cumprir com o regulamento que prevê programação para todos os públicos.

Direito de ter brinquedo

Mas muitas pesquisas e estudos também são realizados para medir o impacto da publicidade no desenvolvimento psíquico e emocional, atual e futuro, das crianças e adolescentes. E os resultados são alarmantes. Segundo o Instituto Alana, organização não governamental de defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes em relação ao consumo em geral, bem como ao excessivo consumismo ao qual são expostas, as crianças são mais vulneráveis que os adultos e sofrem cada vez mais cedo com as graves consequências relacionadas aos excessos do consumismo, por estarem em pleno desenvolvimento. Para o Alana, são consequências danosas à exposição excessiva a obesidade infantil, a erotização precoce, o consumo precoce de tabaco e álcool, o estresse familiar, a banalização da agressividade e violência, entre outras.

Mas como não se mudam leis e costumes num passe de mágica, algumas tentativas de minar o poderio do mercado e proteger as crianças têm sido realizadas. Cabe registrar que está em tramitação no Congresso Nacional, há mais de dez anos, um projeto de lei que proíbe a publicidade de produtos infantis (PL 5921/01). O texto, de autoria do deputado Salvador Zimbaldi (PDT-SP), que faz parte da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, já foi alterado nas comissões de Defesa do Consumidor e de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio. Para o relator, “é necessária uma lei sobre publicidade infantil porque o Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar) não tem sido eficaz”. Depois que Zimbaldi apresentar o parecer, a proposta seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça em caráter conclusivo.

O anteprojeto encontra bastante resistência por parte do setor empresarial, especialmente o de brinquedos. Para o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), que também é presidente da Fundação Abrinq, Synésio Batista, a publicidade infantil é fundamental já que toda criança tem o direito de ter brinquedo e a publicidade ajuda a aumentar a produção, despertando o interesse e deixando a criança informada, “não se oferece um produto dizendo o que ele não tem”, afirma Batista.

Discurso mágico

Outra forma de quebrar o bloqueio empresarial está na capacidade de organização da sociedade. Já é possível perceber que há intervenção de diversos setores desta na defesa pela regulamentação e isso tem mexido na estrutura de poder e aberto diversas frentes de debates sobre o tema criança e consumismo, especialmente nas redes sociais. Por conta disso, algumas campanhas publicitárias foram tiradas do ar. A mais recente foi o parque Mundo da Xuxa, que foi notificada pelo Procon/SP, e não pelo Conar, que apresentou como justificativa “o potencial de induzir o público infantil a atitudes que gerem risco à segurança e a saúde”. Importante registrar que esta campanha só saiu do ar depois que o coletivo Infância Livre de Consumismo (ILC), junto com outros movimentos e organizações, registrou queixas contra a propaganda. Este é outro exemplo de organização. Já as empresas Nestlé, Mattel, Habib’s, Dunga Produtos Alimentícios Ltda. (Biscoito Spuleta) e Roma Jensen (Roma Brinquedos) receberam as multas, também do Procon/SP, na semana passada, num total de mais de R$ 3 milhões, por campanhas publicitárias abusivas dirigidas ao público infantil. Estas últimas também foram resultado de mobilização de organizações da sociedade civil.

O Infância Livre de Consumismo (ILC) é um coletivo de pais, mães e cidadãos inconformados com a publicidade dirigida às crianças que nasceu como contraponto a campanha “Somos todos responsáveis”, promovido pela Associação Brasileira das Agências de Publicidade (ABAP). “Por mais informadas e conscientes que sejam as famílias, os pais não têm como combater um discurso mágico e atraente feito por adultos pertencentes a grandes e poderosos conglomerados empresariais, com alto poder econômico, que detêm pesquisas psicossociais, de mercado e até mesmo neurológicas”, avalia Marina Machado de Sá, publicitária e mestre em Políticas Públicas, uma das fundadoras do coletivo Infância Livre de Consumismo (ILC).

“Atentado à liberdade de expressão comercial”

Já a campanha “Somos todos responsáveis” defende que apenas os pais seriam os responsáveis pela proteção das crianças diante dos estímulos abusivos das propagandas ao consumismo. Para eles é importante, necessária e sadia submeter às crianças à informação. “Se a ideia é proteger as crianças da mídia, não adianta mais desligar a televisão, abaixar o volume do rádio e ficar longe das bancas de jornais”, diz Dalton Pastore, presidente do Conselho Superior da Abap. “A questão é mais complexa e merece uma discussão mais profunda, baseada em educação, e não em proibição”, complementa.

No entanto, atitudes como esta isentam o Estado e o mercado (empresas e publicitários) de quaisquer responsabilidades sobre a publicidade dirigida às crianças. “Nesta relação, fica patente a vulnerabilidade das famílias, da comunidade e da própria criança diante do discurso mercadológico”, alerta Mariana Sá.

Um alerta interessante feito por essas organizações diz respeito aos problemas causados ao meio ambiente. Segundo o ILC, o excesso de propagandas e conteúdo manipulatório dirigidos ao público infantil dificulta a educação cidadã e sustentável e vai contra a formação de um consumidor consciente, justo num momento em que o mundo repensa formas de consumo sustentáveis.

Assim cabe uma reflexão sobre o que está por trás dessa resistência do mercado no diálogo sobre a regulamentação do setor. É importante e urgente entender que isso é uma das pontas do iceberg chamado democratização da comunicação. Tema este que merece ser aprofundado, especialmente para entender o porquê de o discurso mercadológico estar baseado na censura e na defesa da liberdade de expressão. Como bem afirma Gilberto Leifert, a proibição de propaganda infantil é um “atentado à liberdade de expressão comercial”. Num país que acabou de sair de um processo de ditadura onde o calar foi um dos recursos mais (bem) utilizados, qualquer aceno que relembre esse momento é evidentemente danoso, significativo e causa aversão. Segundo o coordenador executivo da organização Andi Comunicação e Direitos, Veet Vivart, “associar a regulação, que é um instrumento democrático, interdita o debate”.

Cúmplices de violações

Daí surge outro debate sobre o porquê da importância dos pais, mães e demais responsáveis pelo cuidado direto de crianças e adolescentes, dizerem “não” aos constantes pedidos de “compra” emitidos por eles. Dizer não além de ser educativo, ajuda a criançada a entender que a vida não é o “céu de brigadeiro” que a TV mostra. Dito isso, é salutar compreender que um dos recursos da publicidade é o de se aproveitar do (grande) tempo que as crianças ficam exposta a programas televisivos, longe da presença de adultos, para impor uma lógica de consumo desenfreado, por meio de técnicas de aborrecimento (onde vencem pelo cansaço), aumento do volume no momento dos comerciais, o uso constante de merchandising, entre outras. Para se ter uma ideia do que estamos falando, as crianças brasileiras ficam até cinco horas na frente da TV, diferentemente de outros países, inclusive os Estados Unidos. No final, temos crianças obesas, sedentárias, doentes e mal informadas, para não aprofundar mais neste debate.

No final, a maioria dos pais e mães que trabalham fora de casa e, portanto, ficam longe de seus filhos, vê-se obrigado a comprar, atendendo aos pedidos insistentes do filho, na tentativa de suprir o tempo perdido. Mas é preciso entender que não se compra tempo, atenção e afeto, especialmente das crianças. Faz-se necessário e urgente refletir e criar estratégias de recompensa desse tempo a partir de momentos de aproximação, conversa, troca e atenção, onde os pais e mães fiquem com suas crianças e promovam momentos de interação com eles. Isso vale muito mais do que um brinquedo, na maioria das vezes caro, que será deixado de lado, em breve. Sem contar que é fundamental avaliar o pedido de compra. Afinal, é algo que vai ser realmente utilizado pela criança, é adequado para a idade, vai ajudá-lo de alguma forma, que habilidades serão desenvolvidas? Porquedo contrário, a velha resposta do “porque agora não tenho dinheiro”, atrapalha por não acrescentar, por não ajudar a pensar de forma sustentável e educativa. O “não” tem de estar embasado em outras motivações.

Importante resgatar que o processo de debate e regulação proposto pela sociedade civil é algo que deve inclusive acontecer dentro da esfera pública do Estado. Afinal,cabe a este ente promover e induzir os processos de garantia de direitos, uma vez que ele é o representante formal, referendado noutro processo democrático de consulta pública.

Por fim, quero lembrar que este é mais um ano de eleições e que estaremos escolhendo a/os nossa/os futura/os representantes à Prefeitura e Câmara de Vereadores. Em dois anos, escolheremos a/o presidente, governadores, senadores e deputados. E quantas vezes procuramos saber qual o plano de governo que eles propõem, nossas demandas de focar as crianças estão contempladas ou mesmo se acompanhamos esses compromissos pleiteados durante a campanha? Acredito que não. Normalmente preferimos nos omitir sob a desculpa de que política é lugar de corrupção, privilégios e impunidade. No entanto, essa postura nos coloca como cúmplice das inúmeras violações direcionadas a população infanto-juvenil brasileira.

***

[Rosely Arantes é jornalista, educadora popular e especialista em Gestão Estratégica Pública]

24 jul 2012

domingo, 22 de julho de 2012

Os Três Porquinhos: "As ideologias que ensinamos às crianças"...

As ideologias que ensinamos às crianças...

Ligia Deslandes

Hoje, fiquei tentada pelo meu filho de 25 anos a escrever sobre a consciência política e os valores das novas gerações. No caso, as nossas crianças e os nossos jovens e adolescentes. Sou mãe de quatro filhos e avó de dois netos. Fora isso, sou sindicalista e professora! Além disso, promovo um projeto cultural de dança voltado a jovens e adolescentes.

No bojo de tudo isso o que estou tentando fazer é empreender esforços para que crianças e jovens possam ter uma educação de qualidade. A qualidade não da informação, que isso hoje existe aos borbotões, de várias nuances e com vários significados, mas, a qualidade da formação política, da consciência cidadã, a educação descolonizada, que nos falta a muitos.

Meus professores universitários foram importantíssimos para ajudar a despertar em mim o que já existia desde tenra idade, mas, meus professores da escola básica, esses, foram fundamentais junto com meus pais a me incutir os valores e crenças sociais. Daí, entendo por que os professores da escola básica são tão desvalorizados em seus salários pelos Governos. São eles que irão padronizar as mentes e corações nas crenças despolitizadas, colonizadas e subalternas através das inúmeras mensagens e ensinamentos que se produzem nas escolas. E serão apoiados pelas famílias que produzem em suas casas as mesmas mensagens e os mesmos conhecimentos. Ou não! Daí os conflitos...

Mas, voltando ao meu filho, que foi quem me provocou a fazer esse texto, reproduzo aqui a história que ele contou a seu filho, meu neto, dos Três Porquinhos. Confesso que fiquei orgulhosa da inovação dele e vivenciei de outra forma (como se não soubesse) a responsabilidade que os pais tem nas crenças dos filhos.

"Era uma vez um lobo solitário que queria muito ter amigos. Nas suas andanças procurando um amigo encontrou um porquinho que vivia numa casa de palha. O porquinho olhou o lobo pela janela e ao ver sua aparência, preto, alto, forte, uma boca enorme e cheia de dentes, ficou desconfiado e não abriu a porta.

O lobo gritava para o porquinho. Eu quero ser seu amigo! Eu quero ser seu amigo! E de tanto gritar e por ser forte e grande, a força de seu grito fez desmoronar a casa de palha do porquinho que já estava discriminando o lobo por sua aparência, mais assustado ainda ficou e fugiu. O lobo foi atrás do porquinho gritando: Eu quero ser seu amigo!  Eu quero ser seu amigo!

O porquinho entrou na casa de madeira de seu irmão e lá ficou. O irmão do porquinho olhou o lobo e julgando-o como seu irmão pela aparência não abriu a porta! O lobo continuou a gritar: Quero ser seu amigo! Quero ser seu amigo! E de tanto gritar e seu grito era forte, derrubou a casa de madeira do irmão do porquinho, que abrigava os dois porquinhos que também não tinha alicerces como a casa de palha. Os dois porquinhos fugiram para a casa de tijolos de seu outro irmão e o lobo foi atrás, sempre gritando: Eu quero ser seu amigo! Eu quero ser seu amigo!

O terceiro irmão também discriminou o lobo pela sua aparência e não deixou ele entrar na casa. E o lobo continuou gritando. Depois de algum tempo, começou uma chuva torrencial. E o lobo lá fora gritando: Eu quero ser seu amigo!

Só então, os porquinhos admirados pela constância do lobo em continuar ali gritando na chuva, resolveram sair para saber o que ele queria. Ouviram então o lobo emocionado dizer: Eu quero ser seu amigo! Juntos podemos mais!

Ainda desconfiados, chegaram perto do lobo, que todo molhado os abraçou e só então, só então mesmo, eles deixaram o lobo entrar na casa. E dali em diante lobo e porquinhos se tornaram amigos inseparáveis cada um fazendo o que sabe para tornar a vida na floresta um pouco melhor."

Vou restringir aqui os comentários do meu filho com o filho dele a respeito da história. Pois, ele tece comentários junto com o texto. Ah, esse meu neto só tem 10 meses. Mas, segundo ele presta muita atenção a história e só dorme quando ele termina. Vou restringir também meus comentários. Vocês leram a história e podem tirar suas conclusões!

A consciência política começa desde pequenino.

Reproduzido de Ligia Deslandes
22 jul 2012

Comentário de Filosomídia:

Essa linda estória de amizade e solidariedade, e compromisso e amor pela educação entre avó, filho e netos me deixou co-movido...

Lígia, falou e disse, toca numa ferida aberta que não cicatriza...

“Daí, entendo por que os professores da escola básica são tão desvalorizados em seus salários pelos Governos. São eles que irão padronizar as mentes e corações nas crenças despolitizadas, colonizadas e subalternas através das inúmeras mensagens e ensinamentos que se produzem nas escolas. E serão apoiados pelas famílias que produzem em suas casas as mesmas mensagens e os mesmos conhecimentos. Ou não! Daí os conflitos”...

E, fantástica a estória dos Três Porquinhos contatada por seu filho aos netos. Compartilho contigo, Lígia, o orgulho que tive também ao ler o texto. Sim, “juntos podemos mais” e é desse jeito que vamos re-evolucionar o mundo, provocar re-vira-voltas!

Lindo, lindo, co-movente...

Obrigado a vocês e um abraço, um beijo e um pedaço de queijo para seus netos.

(...)

Os Três Porquinhos é um conto de fadas cujos personagens são exclusivamente animais. As primeiras edições do conto datam do século XVIII, porém, imagina-se que a história seja muito mais antiga. Wikipedia

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Marcelo Tas reclama de "guerrilheiros petistas virtuais" e faz guerrilha no Facebook


Marcelo Tas reclama de "guerrilheiros petistas virtuais" e faz guerrilha no Facebook

Pragmatismo Político
19/07/2012

Seria digno de reconhecimento se Marcelo Tas, ao invés servir-se do humor como um pára-raios bastante conveniente para realizar críticas levianas, assumisse as suas verdadeiras posições e ideias políticas: o que defende e quem defende, ao invés do que abomina

Marcelo Tas, apresentador do humorístico CQC, da TV Bandeirantes, publicou em sua página pessoal da rede social Facebook, para os seus mais de 1 milhão de seguidores, uma mensagem que gerou controvérsia. Disse ele: “O PT treina ‘guerrilheiros’ para patrulhar Redes Sociais nas eleições 2012. O treinamento é numa sala de bate papo do orkut?

Não é possível afirmar com absoluta certeza os motivos que estimularam Tas a escrever tal questionamento, mas sabe-se que, apesar de atualmente encabeçar um programa de humor na televisão aberta brasileira, a mensagem do apresentador não teve propósito humorístico.

Primeiro é preciso esclarecer que o Facebook é uma rede social que permite ao usuário fazer ou desfazer amizade com quem quer que seja, e do mesmo modo é fornecida a opção de curtir ou não curtir uma página. Isso, por si só, desfaz a tese do patrulhamento, na medida em que ninguém é ou está forçado a aceitar nenhum tipo de imposição. Tas confunde militância com patrulha: usuário nenhum, não filiado ou filiado a qualquer agremiação partidária está impedido de discutir ou fazer campanha política na internet, desde que não infrinja a legislação eleitoral vigente.

Mas não deixa de ser curioso que Marcelo Tas, um sujeito que se autoproclama como um dos comunicadores pioneiros em web no Brasil, esteja incomodado com a liberdade oferecida pelas novas mídias. Marcelo Tas, o apresentador de um programa que constantemente reclama do cerceamento da liberdade contra os seus repórteres – sobretudo em matérias realizadas no Congresso Nacional, em Brasília –, é o mesmo que agora esperneia contra a liberdade de manifestação num ambiente livre como é a internet.

Centenas de pessoas reponderam democraticamente a manifestação pública de Marcelo Tas, com divergências e convergências. A maioria dos que convergiram preferiram utilizar tons de deboche vazio e de ódio, o que não surpreende porque reflete fielmente as limitações de pessoas inspiradas na "ótica CQC de enxergar e tratar a política", isto é, a perigosa ideia de restringir as discussões políticas ao modo do "odeio política" ou "político bom é político preso".

Mas, felizmente, a futilidade não foi fruto exclusivo da polêmica. O sociólogo Sérgio Amadeu, talvez a figura que melhor representa o Software Livre no Brasil atualmente, reconhecido também por sua incessante luta pela inclusão digital como ferramenta crucial para a democratização da comunicação, respeitosamente deixou o seguinte comentário:

Sérgio Amadeu. Grande Tas, faça humor, não faça a guerra. Você como defensor só da direita festiva está ficando meio sem graça. De vez em quando seria bom tirar uma da cara dos vampiros tucanos, não acha? Quem tem tropa de choque formada é a turma da direita brava, Reinaldo Azevedo e os trolls…

Volte para a turma dos meio intelectuais, meio de esquerda. Beleza.

Sérgio Amadeu, que conhece Tas pessoalmente, obviamente sabe que a intenção deste, no âmbito da política, não é e nem será fazer humor, mas provocar a guerra com a vestimenta disfarçada de humor.

Ao contrário do que possa parecer, é bastante saudável que os seres humanos manifestem as suas posições políticas abertamente. Marcelo Tas, registre-se, foi louvado pela juventude do DEM no Encontro Nacional deste partido em um passado não muito distante ocorrido em Blumenau/SC. Lá, utilizou de sua língua ferina para falar mal de Lula, do PT e congêneres.

Chamou atenção outra resposta ao comentário de Tas:

Rui André Souza. Quando vejo muitos reclamando de que propaganda política era pra ser proibida ou incomoda aqui no facebook, me pergunto se realmente entendem a política. Acho fundamental e, acima de tudo, democrático se falar de política aqui no face. Qualquer ferramenta pode servir de meio para se propagar a política. Pois, afinal, respiramos política. E o que acontece quando não estamos interessados em política? Simples: viramos o Brasil.

O posicionamento transparente, portanto, é um dos pre-requisitos indispensáveis para se abordar a política de maneira salutar. Seria mais corajoso, honesto e digno de reconhecimento se Tas, ao invés de usar o humor como um pára-raios bastante conveniente para realizar qualquer tipo de crítica, assumisse as suas verdadeiras posições e ideias políticas: o que defende e quem defende, em vez do que abomina.

O alerta contra os que estufam o peito e erguem a cabeça para propagandear moralismo, como ficou claro no caso do recém-cassado ex-senador Demóstenes Torres, precisa e deve ser crescente.

Reproduzido de Pragmatismo Político
19 jul 2012

A Galinha Pintadinha e a propaganda do sabonete Lifebuoy


As ações de marketing direcionadas ao público infantil

Por Carla/Equipe
19 julho 2012

Cada vez mais vemos ações de marketing direcionadas ao público infantil. É uma forma de conquistar os pais por meio das crianças e também um caminho de fidelização desde cedo. A criança cresce com atitude positiva em relação à determinada marca devido ao percurso mercadológico desenvolvido que inclui a performance do produto tanto no ponto de venda (lojas, supermercados etc) quanto em suas inúmeras formas de divulgação (publicidade, product placement, eventos, teatro, cinema, escolas etc).

Questiona-se até que ponto a criança deve ser alvo desse tipo de mensagem. E avançando no debate, questiona-se o direcionamento de mensagens de produtos para adultos como produtos de limpeza (caso minus, pato gel, etc), automóveis (caso fiat, ford), produtos de higiene pessoal, entre outros. Sobre esse último, o caso do produto Lifebuoy é interessante para uma breve análise.

A marca Lifebuoy é especializada em higiene pessoal incluindo produtos como sabonetes e álcool em gel. Para promover sua marca, criou uma ação de marketing patrocinando o espetáculo musical do fenômeno midiático infantil Galinha Pintadinha. Uma música específica foi criada para fixar o hábito de lavar as mãos e, claro, consequentemente a marca. Além da música, o show conta com promotores e bonecos caracterizados como sabonete e uma grande bactéria. Há distribuição de almofadas da marca para que as crianças visualizem melhor a apresentação, e são entregues sabonetes, giz de cera, desenhos para colorir e bolinha de sabão com rótulos personalizados. É um circuito de diversão e brindes patrocinado para aumentar as vendas.

Conscientizar a população para uma melhor higiene e suas alternativas em relação às crianças e aos adultos parece ser algo positivo e relevante, no entanto, quando essa ação é calculadamente planejada por uma marca para atingir o público infantil e persuadir adultos a gastar mais com um sabonete que não cumpre necessariamente todos os objetivos que divulga, fica a dúvida sobre a responsabilidade de fato dessa marca e o quanto ela está realmente preocupada com a saúde de seu público-alvo.

Reproduzido de Consumismo e Infância
19 jul 2012

Comentário de Filosomídia:

Quando eu era criança nos anos 60, tal sabonete patrocinava a exibição do seriado “Bat Masterson”. Nas brincadeiras de rodas as crianças cantavam o jingle na melodia da introdução do programa. Eu cantava também, e a musiquinha ainda está "na cabeça" depois de mais de 40 anos. Olhem o que faz a propaganda para crianças...

“O sabonete lifebuoy, tem o prazer de apresentar, o novo filme de cowboy!!! Bat Masterson!! Bat Masterson!!

Projeto Projeto Território do Brincar


Projeto Projeto Território do Brincar

O que é o Projeto?

O Projeto Território do Brincar é um trabalho de escuta, intercâmbio de saberes, registro e difusão da cultura infantil.

Entre abril de 2012 e dezembro de 2013, a equipe do Projeto estará na estrada percorrendo o Brasil por comunidades rurais, indígenas, quilombolas, grandes metrópoles, sertão e litoral, revelando o país através dos olhos de nossas crianças.

Coordenado pela educadora Renata Meirelles e pelo documentarista David Reeks, o Território do Brincar tem seu foco nas sutilezas do brincar, nos gestos e palavras que apresentam a essência da infância de toda criança.

Os registros em filmes, fotos, textos e áudios serão disponibilizados nesse site conforme o decorrer do trajeto, e em futuras publicações e documentários criando, dessa forma, um diálogo sobre as nuances da infância brasileira.

Um trabalho que se amplia através da parceria com o Instituto Alana, escolas parceiras e apoiadores.

Missão

Ouvir o Brasil a partir da voz das nossas crianças, que a um só tempo retratam a universalidade da infância e refletem e espelham o povo que somos.

Conheça a página do projeto clicando aqui.

Recebido de Instituto Alana via e-mail
20 jul 2012

quinta-feira, 19 de julho de 2012

A polêmica da “aula cronometrada” em 2010: matéria da Revista Veja, Banco Mundial e carta de uma professora indignada


A polêmica da “aula cronometrada” em 2010: matéria da Revista Veja, Banco Mundial e carta de uma professora indignada

Especialistas afirmam: professores se revelam incapazes de atrair a atenção de alunos... Uma outra "moda" educacional importada que só critica os professores e não resolve os problemas ...ok!!!!

A polêmica da "aula cronometrada" que segundo pesquisadores muito bem patrocinados pelo Banco Mundial, visa investigar o cotidiano escolar em sala de aula é um assunto que ainda vai dar muito "pano pra manga" na educação brasileira e mais uma vez o professor é apontado como o grande vilão da situação... até quando o foco da mídia ficará limitado à ponta do "iceberg" educacional?

A problemática do ensino brasileiro é muito maior do que parece...aula cronometrada, progressão continuada... ENEN aprovando alunos fora da escola... violência desenfreada,inclusão digital que só acontece no papel...inclusão social que  é empurrada goela abaixo dos professores sem o mínimo acompanhamento do poder judiciário...inclusão dos portadores de necessidades especiais que sem nenhum acompanhamento especializado , no máximo conseguem apenas "rampas de acesso" o que não garante o acesso real no contexto escolar que ainda não está preparado para isso...

Vamos ver a reportagem da revista VEJA de 13 de Junho de 2010 e a resposta de uma professora anônima indignada com a mais nova piada exaltada pela mídia jornalistica: "Aula cronometrada":

Reproduzido de Blog Papo de Professor
06 jul 2010


 Resposta à revista Veja

Carta escrita por uma professora que trabalha  no Colégio Estadual Mesquita (Curitiba), à revista Veja, em 2010:

Sou professora do Estado do Paraná e fiquei indignada com a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “Aula Cronometrada”.

É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS razões que  geram este panorama desalentador. Não há necessidade de cronômetros, nem de especialistas  para diagnosticar as falhas da educação. Há necessidade de todos os que pensam que: “os professores é que são incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital” entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira.

Que alunos são esses “repletos de estímulos” que muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na era digital? Em que pais de famílias oriundas da pobreza  trabalham tanto que não têm como acompanhar os filhos  em suas atividades escolares, e pior em orientá-los para a vida? Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas drogas e destruídas pela ignorância e violência, causas essas que infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas brasileiras.

Está na hora dos professores se rebelarem contra as acusações que lhes são impostas. Problemas da sociedade deverão ser resolvidos pela sociedade e não somente pela escola. Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha infância, onde pai e mãe, tios e avós estavam presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos professores, e não cumprir as obrigações fossem escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “repletos de estímulos”. Estímulos de quê?  De passar o dia na rua, não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da noite, (quando o têm), brincando no Orkut, ou, o que é ainda pior, envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida.

Realmente, nada está bom. Porque o que essas crianças e jovens procuram é amor, atenção, orientação e disciplina.

Rememorando, o que tínhamos nós, os mais velhos,  há uns anos atrás de estímulos? Simplesmente: responsabilidade, esperança, alegria. Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão, seríamos realizados na vida. Hoje os jovens constatam que se venderem drogas vão ganhar mais.

Para quê o estudo? Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens? Quem, dos mais velhos, não lembra a emoção de somente brincar com os amigos,  de ir aos piqueniques, subir em árvores?

E, nas aulas, havia respeito, amor pela Pátria.. Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas “chatas” só na lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com fluência.

Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série. Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão. E tínhamos motivação para isso.

Hoje, professores “incapazes” dão aulas na lousa, levam filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de literatura juvenil para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma revolução),  levam alunos à biblioteca e a outros locais educativos (benza, Deus, só os mais corajosos!) e, algumas escolas públicas onde a renda dos pais comporta, até a "passeios interessantes", planejados minuciosamente, como ir ao Beto Carrero.

E, mesmo, assim, a indisciplina está presente, nada está bom.

Além disso, esses mesmos professores “incapazes”, elaboram atividades escolares como provas, planejamentos, correções nos fins-de-semana, tudo sem remuneração;
Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não é cronometrado quando estão cansados. Professores têm 10 minutos de intervalo, quando têm de escolher entre ir ao banheiro ou tomar às pressas o cafezinho. Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação, professor tem que se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo que trabalhe 40h semanais.

E a saúde? É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico tem que repor as aulas. Plano de saúde? Muito precário.

Há de se pensar, então, que  são bem remunerados... Mera ilusão! Por isso, cada vez vemos menos profissionais nessa área, só permanecem os que realmente gostam de ensinar, os que estão aposentando-se e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma chance de “cair fora”.Todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque por mais que se esforcem em ministrar boas aulas, ainda ouvem alunos chamá-los de “vaca”,”puta”, “gordos “, “velhos” entre outras coisas.

Como isso é motivante...e temos ainda que ter forças para motivar. Mas, ainda não é tão grave.

Temos notícias, dia-a-dia,  até de agressões a professores por alunos. Futuramente, esses mesmos alunos, talvez agridam seus pais e familiares.

Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau de incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite.

E acho que esse grau já ultrapassou. Chega de passar alunos que não merecem. Assim, nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de aula; se passam sem estudar mesmo, diante de tantas chances, e com indisciplina... E isso é um crime! Vão passando série após série, e não sabem escrever nem fazer contas simples. Depois a sociedade os exclui, porque não passa a mão na cabeça. Ela é cruel e eles já são adultos.

Por que os alunos do Japão estudam? Por que há cronômetros? Os professores são mais capacitados? Talvez, mas o mais importante é  porque há disciplina. E é isso que precisamos e não de cronômetros.

Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme carreira mediante cursos, capacitações que são realizadas, preferencialmente aos sábados. Portanto, a grande maioria dos professores está constantemente estudando e aprimorando-se. Em vez de cronômetros, precisamos de carteiras escolares, livros, materiais, quadras-esportivas cobertas (um luxo para a grande maioria de nossas escolas), e de lousas, sim, em melhores condições e em maior quantidade...

Existem muitos colégios nesse Brasil afora que nem cadeiras possuem para os alunos se sentarem. E é essa a nossa realidade!  E, precisamos, também, urgentemente de educação para que tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo.

Em plena era digital, os professores ainda são obrigados a preencher os tais livros de chamada, à mão: sem erros, nem borrões  (ô, coisa arcaica!), e ainda assim se ouve falar em cronômetros. Francamente!!!

Passou da hora de todos abrirem os olhos  e fazerem algo para evitar uma calamidade no país, futuramente. Os professores não são culpados de uma sociedade incivilizada e de banditismo, e finalmente, se os professores  até agora  não responderam a todas as acusações de serem despreparados e  “incapazes” de prender a atenção do aluno com aulas motivadoras é porque não tiveram TEMPO.

Responder a essa reportagem custou-me metade do meu domingo, e duas turmas sem as provas corrigidas.

Vanessa Storrer
Professora da rede Municipal de Curitiba!
Colégio Estadual Mesquita

Trecho final que em algumas páginas da Internet dão como se fossem da professora em questão:

Vamos fazer uma corrente via internet, repasse a todos os seus! Grata

Vamos começar uma corrente nacional que pelo menos dê aos professores respaldo legal quando um aluno o xinga, o agride... chega de ECA que não resolve nada, chega de Conselho Tutelar que só vai a favor da criança e adolescente (capazes às vezes de matar, roubar e coisas piores), chega de salário baixo, todas as profissões e pessoas passam por professores, deve ser a carreira mais bem paga do país, afinal os deputados que ganham 67% de aumento tiveram professores, até mesmo os "alfabetizados funcionais".

Pelo amor de Deus somos uma classe com força!!! Somos politizados, somos cultos, não precisamos fechar escolas, fazer greves, vamos apresentar um projeto de Lei que nos ampare e valorize a profissão.

TEXTO DA REVISTA VEJA


Controle do tempo
Escola municipal no Rio de Janeiro: os cronômetros vão ajudar a entender as causas da evidente ineficácia na sala de aula

Aula cronometrada

Com um método já aplicado em países de bom ensino, o Brasil começa a investigar o dia a dia nas escolas

Roberta de Abreu Lima

As avaliações oficiais para medir o nível do ensino no Brasil têm se prestado bem ao propósito de lançar luz sobre os grandes problemas da educação – mas não fornecem resposta a uma questão básica, que se faz necessária diante da sucessão de resultados tão ruins: por que, afinal, as aulas não funcionam? Muito já se fala disso com base em impressões e teoria, mas só agora o dia a dia de escolas brasileiras começa a ser descortinado por meio de um rigoroso método científico, tal como ocorre em países de melhor ensino. Munidos de cronômetros, os especialistas se plantam no fundo da sala não apenas para observar, mas também para registrar, sistematicamente, como o tempo de aula é despendido. Tais profissionais, em geral das próprias redes de ensino, já percorreram 400 escolas públicas no país, entre Minas Gerais, Pernambuco e Rio de Janeiro. Em Minas, primeiro estado a adotar o método, em 2009, os cronômetros expuseram um fato espantoso: com aulas monótonas baseadas na velha lousa, um terço do tempo se esvai com a indisciplina e a desatenção dos alunos. Equivale a 56 dias inteiros perdidos num só ano letivo.

Já está provado que a investigação contínua sobre o que acontece na sala de aula guarda relação direta com o progresso acadêmico. Ocorre, antes de tudo, porque tal acompanhamento permite mapear as boas práticas, nas quais os professores devem se mirar – e ainda escancara os problemas sob uma ótica bastante realista. Resume a especialista Maria Helena Guimarães: "Monitorar a sala de aula é um avanço, à medida que ajuda a entender, na minúcia, as razões para a ineficácia". Não é de hoje que países da OCDE (organização que reúne os mais ricos) investem nessas incursões à escola. Os americanos chegam a filmar as aulas. O material é até submetido aos professores, que são confrontados com suas falhas e insucessos. Das visitas que fez a escolas nos Estados Unidos, o pedagogo Doug Lemov depreendeu algo que a breve experiência brasileira já sinaliza: "Os professores perdem tempo demais com assuntos irrelevantes e se revelam incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital".

Numa manifestação de flagrante corporativismo, os professores brasileiros chegaram a se insurgir contra a presença dos avaliadores dentro da sala de aula. Em Pernambuco, o sindicato rotulou a prática de "patrulhamento" e "repressão". Note-se que são os próprios professores que preferem passar ao largo daquilo que a experiência – e agora as pesquisas – prova ser crucial: conhecer a fundo a sala de aula. Treinados pelo Banco Mundial, os técnicos já se puseram a colher informações valiosas. Afirma a secretária de educação do Rio de Janeiro, Claudia Costin: "Pode-se dizer que o cruzamento das avaliações oficiais com um panorama tão detalhado da sala de aula revelará nossas fragilidades como nunca antes". Nesse sentido, os cronômetros são um necessário passo para o Brasil deixar a zona do mau ensino.

Reproduzido de Revista Veja

Fotos:

Veja Revista Edição 2170, 23 junho de 2010, e foto de Eduardo Martino, Documentography e Istockphoto/RF

Tempos Modernos (1936) de Charles Chaplin

Leia também:

“Governança e política Educacional: a agenda recente do Banco Mundial”, por André Borges, versão traduzida e adaptada de meu trabalho de conclusão do mestrado em Ciência Política na Universidade de Oxford. Revista Brasileira de Ciências Sociais - Vol. 18 Nº. 52, clicando aqui.

“Um Novo Senhor da educação? A política educacional do Banco Mundial para a periferia do capitalismo”, por Roberto Leher, Universidade Federal do Rio de Janeiro e presidente da Adufrj–Ssind, na Revista outubro, clicando aqui.

“O Banco Mundial e a Política de educação”, por Marcio Luiz Miotto, Leandro Kruzielski, Luís Fernando Farias, Leandro Lobato e Plínio Marco de Toni, trabalho apresentado à matéria de Estrutura e Funcionamento de 1º e 2º Graus, do Departamento de Pedagogia, da UFPR, Orientador: Prof. Paulo Ricardo Ross
Curitiba (07/1999), clicando aqui.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

O Jornal Escolar de Célestin Freinet


Faça o seu Jornal Escolar

Marcus Tavares
Revistapontocom
15/07/12

Professores que desejam produzir com seus alunos um jornal escolar têm uma oportunidade para aprimorar seus conhecimentos. A ONG Comunicação e Cultura, de Fortaleza, em parceria com o Banco do Nordeste do Brasil, está oferecendo um curso à distância com este objetivo. Durante as aulas, os educadores vão conhecer teoria e prática, sendo acompanhados na produção de duas edições do jornal. A ideia é produzir os jornais ao mesmo tempo em que o curso é ministrado.

“É o aprendizado por meio da prática. O educador terá a chance de tirar dúvidas no momento em que elas acontecem, além de ser orientando durante sua prática de trabalho”, explica Daniel Raviolo, coordenador geral da ONG.

Estão sendo oferecidas 200 vagas. Para participar, basta que o interessado envie um e-mail (participe@jornalescolar.org.br) para a coordenação. A formação deve ser iniciada no final do mês de agosto. A carga horária é de 70 horas. Podem participar professores que atuam em todos os municípios atendidos pelo Banco do Nordeste do Brasil (clique aqui e confira se seu município é contemplado).

Para socializar as informações, o Comunicação e Cultura criou o Portal do Jornal Escolar, que traz conteúdos para escolas e professores que queiram publicar jornais, seja para toda a escola ou para uma turma específica, inclusive serviço de impressão a preço subsidiado. A ONG atua nessa área desde 1996.

Reproduzido de Revistapontocom
15 jul 2012



Leia também:

“Jornal escolar e vivências humanas: um roteiro de viagem”, por Jorge Kanehide Ijuim, clicando aqui e aqui.

“Jornal Escolar: do instrumento didático ao instrumento complexo”, por Jorge Kanehide Ijuim, clicando aqui.

“O Jornal Escolar e a livre expressão na visão de Célestin Freinet”, por Luciane Justus dos Santos, clicando aqui.

“Célestin Freinet e Janusz Korczak, precursores do jornal escolar”, por Marco Aurélio Sobreiro clicando aqui.

Conheça o Jornal Escolar desenvolvido pelos adolescentes da Escola Beatriz de Souza Brito (PMF/Florianópolis/SC) clicando aqui e aqui.


Saiba mais sobre a vida de Célestin Freinet e o jornal escolar, em Educar para Crescer (Abril) clicando aqui.